segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Espumantes - métodos de elaboração

Elaboração de Espumantes

Método Champenoise

Este método de elaboração de vinho espumante chama-se, também, de tradicional, fermentação na garrafa e clássico.
O método champenoise foi desenvolvido na Região de Champagne, França. Ele também é utilizado em outras regiões vitivinícolas do mundo, com diferentes denominações: efervescente, cava e espumante.

Vinho base: geralmente é elaborado com uvas Pinot Noir e Chardonnay, mas, dependendo da região, também pode ser elaborado com outras variedades.
Licor de tiragem: elaborado com vinho base adicionado de leveduras selecionadas e açúcar refinado na proporção necessária para atingir, na fermentação, pressão de 6atm (aproximadamente 24 gramas de açúcar por litro).
Engarrafamento: uma vez adicionado o licor de tiragem, o licor é engarrafado. A seguir, coloca-se um opérculo plástico na garrafa para sedimentar as leveduras durante a remuage, fechando-a com uma tampinha de metal.
Fermentação na garrafa: é chamada de segunda fermentação, pois a primeira é a fermentação alcoólica que deu origem ao vinho base. A segunda fermentação é realizada em garrafa fechada e confere pressão ao espumante, cerca de 1,5% de álcool a mais que o teor existente no vinho base e dióxido de carbono responsável pela perlage e coroa do espumante. As garrafas devem ser colocadas em uma cave climatizada à 10ºC, durante um período de aproximadamente 60 dias, até concluir a fermentação. Terminada essa etapa, a garrafa tem uma pressão interna de aproximadamente 6atm e o espumante fica turvo devido aos sedimentos das leveduras que realizam a fermentação.
Envelhecimento e autólise: após a fermentação, as garrafas são colocadas em estivas, que são pilhas de garrafas deitadas umas sobre as outras e separadas por pipas de madeira. Essa etapa é realizada em cave climatizada com temperatura que varia de 15ºC a 18ºC. As leveduras que sedimentam entram em processo de autólise e vão liberando substâncias ao meio, responsáveis pelo carater desse tipo de espumante. O tempo necessário para o envelhecimento e a autólise é de no minímo oito meses, mas pode ser de vários anos.
Remuage: após a autólise das leveduras e o envelhecimento do espumante, as garrafas são colocadas de pescoço para baixo, em estruturas chamadas pupitres, o que permite a decantação dos sedimentos. Esse período dura aproximadamente 20 dias, no qual as garrafas são giradas – aproximadamente ¼ de volta – uma a uma, todos os dias.

Dégorgement e licor de expedição: após a decantação dos sedimentos, retiram-se com cuidado as garrafas dos pupitres, colocando-as em caixas, de pescoço para baixo. Congela-se o pescoço da garrafa em máquina especial e, em outra máquina, retira-se a tampinha de metal. Dessa forma, em função da pressão interna da garrafa, o bloco de gelo contendo os sedimentos que se formam no pescoço é expulso. Imediatamente, adiciona-se ao espumante o licor de expedição, que geralmente é composto pelo próprio espumante e açúcar em quantidade específica que determina o tipo de produto. Tampa-se a garrafa com rolha de cortiça especial e gaiola de arame e, a seguir, pode-se rotular a garrafa. Para estabilizar a pressão dentro da garrafa, é importante deixá-la pelo menos um mês em repouso antes de ser comercializada.


Método Charmat


Este método de elaboração de espumante se caracteriza pela segunda fermentação ser realizada em tanques de inox, ao invés da própria garrafa. Esses tanques, as autoclaves, são resistentes a pressão. O principio de elaboração do espumante é o mesmo do método champenoise, pois o vinho base fermentado em ambiente fechado produz pressão por meio do dióxido de carbono liberado na fermentação do mosto pelas leveduras. Após a tomada de espuma, o espumante é filtrado para eliminar sua turbidez. Isso é sempre realizado em condições isobáricas para que não haja perda de pressão.

O engarrafamento também é feito em máquina isobárica. Os licores de tiragem e expedição são semelhantes aos utilizados no método champenoise. A diferença entre os dois métodos de elaboração se deve ao fato que o champenoise a segunda fermentação ocorre na própria garrafa, e no Charmat, em autoclave. Além disso, o envelhecimento nesse método geralmente não se processa sobre as leveduras, o que propicia a elaboração do espumante jovem e frutado.


Método Asti 
O espumante Asti surgiu na Itália, na região que leva esse nome, no Piemonte, e hoje é elaborado em poucas regiões fora do país. No Brasil, está começando a ser chamado de moscatel espumante. Esse produto, ao contrário de outros espumantes elaborados com duas fermenatações, é submetido a uma fermentação parcial. Para sua elaboração, parte-se do mosto da uva e não do vinho base.
Preparação do mosto: a uva utilizada é sempre do grupo das moscatéis. Após a extração do mosto, ele é filtrado e conservado em tanque dentro de câmera fria para não iniciar a fermentação. À medida que se deseja elaborar o espumante moscatel, utiliza-se mosto resfriado durante todo o ano. Esse procedimento é adotado na Itália e em outras regiões vitivinícolas, como, em parte, na Serra Gaúcha. No caso do Vale do São Francisco, não é necessário armazenar o mosto refrigerado por longos períodos, pois é possível programar a colheita da uva durante o ano inteiro. Portanto, pode-se elaborar espumante moscatel utilizando o mosto obtido diretamente após a colheita da uva, o que é uma grande vantagem.
Fermentação (tomada de espuma): uma vez iniciada a fermentação alcoólica à temperatura de 10ºC, deixa-se a autoclave aberta até o mosto atingir 6% de etanol aproximadamente. A seguir, fecha-se a autoclave e inicia-se a tomada de espuma. Terminada essa fase, a pressão chega a cerca de 6atm, e o produto possui em torno de 7,5% de etanol. Esfria-se, então, bruscamente o mosto até -3ºC, o que provoca a paralisação imediata da fermentação alcoólica. Deve-se manter essa temperatura por aproximadamente 15 dias para que haja a precipitação quase total das leveduras que fermentam. Após esse período, o moscatel espumante é filtrado em condições isobáricas e imediatamente engarrafado. Como a fermentação alcoólica não é completa, ele torna-se doce e com baixo teor alcoólico. Por isso, esse tipo de vinho espumante deve ser consumido novo, de preferencia no mesmo ano de sua elaboração, para conservar seu aroma floral e frutado.


 Fonte: Manual do Vinho
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domingo, 10 de agosto de 2014

Cinco dicas antes de acasalar

¿Preparada para una relación? A lo mejor crees que sí, pero puede que te sientas insegura, ansiosa o exultante.

Aunque puede ser que no lo necesites, revisar algunos aspectos de tu vida pueden allanarte el camino y esos cinco pasos previos son los que te presentamos.

“En la medida que nos aceptemos tal cual somos vamos a poder ser coherentes con nuestras elecciones y no caer en relaciones, donde tenemos que cambiar para gustarle al otro o nos ponemos como camaleones acomodándonos al otro”, propone María Josefina Honorato, psicóloga del Centro Psicológico Reverie.

Explica que este conocimiento y aceptación de cómo nos gusta ser amados llevaría a optar por alguien que no nos haga daño. Sin embargo, lo esencia sería disfrutar el estar soltero porque las personas llegan sin buscarlas.

“¡Aprovecha ese tiempo y siéntete agradecido por tenerlo! Trabaja en tu salud física y mental de alguna manera que te entretenga. Busca un pasatiempo que te permita socializar con otras personas; en pareja la tendencia es a centrarnos mucho en ella, y al menos en un principio, dejamos de lado la vida social”, alienta.

En el mismo sentido, la terapeuta del Método Rai, Coca Sepúlveda insta a crear y conocer el proyecto de vida que queremos tener, qué nos gusta hacer, lo que estamos dispuesto a cambiar.

“Tenemos que estar seguro de la persona que somos para no perdernos en el otro. Ni dejar de lado los sueños que queremos alcanzar, algo que sea propio y nos permita crecer y desarrollarnos en todos los áreas de nuestra vida”, afirma.

El objetivo sería no volver a repetir la elección pasada con personas que solo fomentan nuestras carencias afectivas, creando dependencias y obsesiones poco sanas. Pero también, las especialistas dicen que es importante que uno no vuelva a cometer los mismos errores.

Para hacerlo, María Josefina Honorato plantea que es útil poner atención y recordar las críticas que nos solía hacer la ex pareja, aquellas cosas que nos dolían y defendíamos a pies juntillas.

“Es conveniente ser honestos y revisar cuanto de cierto había en ello, seguramente nuestro ex no estaba inventando solo por molestar y algo de razón debe haber tenido. Veámoslo con la intención de no volver a cometer los mismos errores” aconseja.

¿Qué esperas?

Si queremos a alguien que cumpla con un ideal súper estructurado será desastroso, de acuerdo a lo que opina la psicóloga María Betania Cohen.

“Es que desde esa perspectiva pocos son los que se cuestionan lo que deben hacer para lograr ese objetivo”, señala. Pero también será fundamental diferenciar el amor del deseo donde, según la experta, el amor es todo bondad y generosidad, mientras que en el deseo se interpone el ego, y el estar focalizado sólo en uno y sus carencias.

Entonces, cuestiona e invita a preguntarse ¿a quién esperas? ¿buscas a alguien que te valide constantemente y te saque de tu inseguridad, alguien que te mantenga económicamente, alguien que te de seguridad emocional o financiera? ¿estás en el dame o estás dispuesto a entregarte a otro, sin pensar en lo que recibes a cambio?

Sin ánimo de enjuiciar a nadie, la idea es nuevamente ser honesto y no disfrazar la postura con que se “espera” al amor y engañarse con la persona nueva que llega a nuestra vida.

Los 5 pasos

Las expertas en relaciones llaman, por tanto, en lugar de centrarse en el juego para atraer a un compañero, en desarrollar en este tiempo de soltería, el trabajo personal, para estar firme, sana y clara cuando se inicia nueva relación. Ahora bien, llegado el momento, la clave será mantenerse en equilibrio, para ello, recomiendan los siguientes pasos. ¡Tome nota!

1. Comprender cómo es su emocionalidad y sexualidad.Aunque para conocerse uno mismo en la sexualidad y la emocionalidad estar en pareja es más potente, porque se recrean emociones del pasado se necesita ser humilde y honesto para verlo como un proceso de crecimiento. Sino, la recomendación es ser realista y no esperar que la nueva pareja sepa de inmediato cómo hacerte feliz, para ello se requiere directamente comunicación. También ayudará tomar conciencia de las reacciones, gustos emocionales y sexuales para reflexionar y saber qué decir al nuevo compañero sobre cómo quieres ser tratado.

2. Estar atenta a lo que el otro dice y hace. No se trata de andar necesariamente con el “freno de mano”, sino que estar abierto a lo que la nueva persona quiere compartir, pero siempre atenta y dándole crédito a la intuición y revisar los detalles que no te cierran, para no dejarlos pasar tan rápidamente. Pero también, no tener expectativas sino que vivir el presente.

3. ¿Sexo de inmediato? Es algo muy personal. El motivo para posponerlo, si hablamos de alguien que realmente nos interesa, sería para poder dar más espacio a la conversación y el conocerse mutuamente. Esto, antes de entrar en lo que muchas veces puede ser una vorágine sexual típica del primer periodo de relación, la cual nos puede enceguecer. O bien, podría disminuir el interés personal por conocerse en una otra intimidad más esencial y más libre de apegos.

4. Independencia familiar. No se trata de no ver a la familia sino que ser independiente en la toma de decisiones y no andar pidiendo la opinión en todo momento de los progenitores, ni que tampoco ellos se sientan con el derecho de controlar tu vida. Además, significa ser consciente de que lo que queremos lograr es un compañero o compañera de ruta, de igual a igual y no una madre o un padre que nos atienda y cubra las carencias emocionales. Es decir, la autonomía será vital para dirigir la propia vida, de acuerdo a los objetivos, necesidades y emociones trazadas.

5. Si no resulta, vivir nuevas situaciones amorosas. Hay que dejar fluir las relaciones pero siendo conscientes, en todo momento, de qué podemos hacer para que esta relación sea positiva y beneficiosa para mí y mi pareja. Ahora, si no fructificara hay que empujarse para no exiliarse del mundo ni sentir tanta tristeza por haberte atrevido a volver amar. Darse cuenta de que el trabajo personal que hiciste es beneficioso para quedarte parada en lo mejor de ti. Sin olvidar, jamás, que cada nuevo comienzo es parte de tu crecimiento y una excelente instancia para conocerte, seguir avanzando y traspasando en forma positiva y sin miedo, todos los desafíos que se te presentarán en la vida. De ahí, que siempre valga la pena intentarlo.
http://m.elpais.com.uy/vida-actual/pasos-previos-iniciar-nueva-relacion.html

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Lugar de criança é no.....

Observem a capacidade intelectual do menino entrevistado no Egito.

Além da surpresa com sua habilidade é possível identificar alguns problemas latentes de nossa estado laico.

http://youtu.be/tcnNBhsCBsc

A corrupção no regime militar

A Corrupção na Ditadura Militar.
Publicado em 02/12/2012 no blog Falandoverdades.
Depois de muitas pesquisas, procura de arquivos ,eis que nos deparamos com farto material que mostra a corrupção escancarada na Ditadura Militar que tem em seu círculo até hoje defensores falso moralistas elitizados que falam em nome de minorias ,vamos então abordar o tema.
Moralismo capenga
O combate à corrupção foi palavra de ordem durante a ditadura. Nos porões do regime, porém, a ilegalidade prevaleceu.
Por Heloisa Maria Murgel Starling
Combater a corrupção e derrotar o comunismo: esses eram os principais objetivos que fermentavam os discursos nos quartéis, às vésperas do golpe que derrubou o governo João Goulart, em março de 1964. A noção de corrupção dos militares sempre esteve identificada com uma desonestidade específica: o mau trato do dinheiro público. Reduzia-se a furto. Na perspectiva da caserna, corrupção era resultado dos vícios produzidos por uma vida política de baixa qualidade moral e vinha associada, às vésperas do golpe, ao comportamento viciado dos políticos diretamente vinculados ao regime nacional-desenvolvimentista.
Animado por essa lógica, tão logo iniciou seu governo, o marechal Castello Branco (1964-1967) prometeu dar ampla divulgação às provas de corrupção do regime anterior por meio de um livro branco da corrupção – promessa nunca cumprida, certamente porque seria preciso admitir o envolvimento de militares nos episódios relatados. Desde o início o regime militar fracassou no combate à corrupção, o que se deve em grande parte a uma visão estritamente moral da corrupção.
Essa redução do político ao que ele não é – a moral individual, a alternativa salvacionista – definiu o desastre da estratégia de combate à corrupção do regime militar brasileiro, ao mesmo tempo em que determinou o comportamento público de boa parte de seus principais líderes, preocupados em valorizar ao extremo algo chamado de decência pessoal.
Os resultados da moralidade privada dos generais foram insignificantes para a vida pública do país. O regime militar conviveu tanto com os corruptos, e com sua disposição de fazer parte do governo, quanto com a face mais exibida da corrupção, que compôs a lista dos grandes escândalos de ladroagem da ditadura. Entre muitos outros estão a operação Capemi (Caixa de Pecúlio dos Militares), que ganhou concorrência suspeita para a exploração de madeira no Pará, e os desvios de verba na construção da ponte Rio–Niterói e da Rodovia Transamazônica. Castello Branco descobriu depressa que esconjurar a corrupção era fácil; prender corrupto era outra conversa: “o problema mais grave do Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar”.
A declaração de Castello foi feita meses depois de iniciados os trabalhos da Comissão Geral de Investigações. Projetada logo após o golpe, a CGI conduzia os Inquéritos Policiais-Militares que deveriam identificar o envolvimento dos acusados em atividades de subversão da ordem ou de corrupção. Com jurisdição em todo o território nacional, seus processos obedeciam a rito sumário e seus membros eram recrutados entre os oficiais radicais da Marinha e da Aeronáutica que buscavam utilizar a CGI para construir uma base de poder própria e paralela à Presidência da República.
O Ato Institucional n.º 5, editado em 13 de dezembro de 1968, deu início ao período mais violento e repressivo do regime ditatorial brasileiro – e, de quebra, ampliou o alcance dos mecanismos instituídos pelos militares para defender a moralidade pública. Uma nova CGI foi gerada no âmbito do Ministério da Justiça com a tarefa de realizar investigações e abrir inquéritos para fazer cumprir o estabelecido pelo Artigo 8º. do AI-5, em que o presidente da República passava a poder confiscar bens de “todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no exercício de cargo ou função pública”.
Para agir contra a corrupção e dar conta da moralidade pública, os militares trabalharam tanto com a natureza ditatorial do regime como com a vantagem fornecida pela legislação punitiva. Deu em nada. Desde 1968 até 1978, quando foi extinta pelo general Geisel, a CGI mancou das duas pernas. Seus integrantes alimentaram a arrogante certeza de que podiam impedir qualquer forma de rapinagem do dinheiro público, através da mera intimidação, convocando os cidadãos tidos como larápios potenciais para esclarecimentos.
A CGI atribuiu-se ainda a megalomaníaca tarefa de transformar o combate à corrupção numa rede nacional, atuando ao mesmo tempo como um tribunal administrativo especial e como uma agência de investigação e informação. Acabou submergindo na própria mediocridade, enredada em uma área de atuação muito ampla que incluía investigar, por exemplo, o atraso dos salários das professoras municipais de São José do Mipibu, no Rio Grande do Norte; a compra de adubo superfaturado pela Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e as acusações de irregularidades na Federação Baiana de Futebol. Entre 1968 e 1973 os integrantes da comissão produziram cerca de 1.153 processos. Desse conjunto, mil foram arquivados; 58 transformados em propostas de confisco de bens por enriquecimento ilícito, e 41 foram alvo de decreto presidencial.
Mas o fracasso do combate à corrupção não deve ser creditado exclusivamente aos desacertos da Comissão Geral de Investigações ou à recusa de membros da nova ordem política em pagar o preço da moralidade pública. A corrupção não poupou a ditadura militar brasileira porque estava representada na própria natureza desse regime. Estava inscrita em sua estrutura de poder e no princípio de funcionamento de seu governo. Numa ditadura onde a lei degradou em arbítrio e o corpo político foi esvaziado de seu significado público, não cabia regra capaz de impedir a desmedida: havia privilégios, apropriação privada do que seria o bem público, impunidade e excessos.
A corrupção se inscreve na natureza do regime militar também na sua associação com a tortura – o máximo de corrupção de nossa natureza humana. A prática da tortura política não foi fruto das ações incidentais de personalidades desequilibradas, e nessa constatação reside o escândalo e a dor. A existência da tortura não surgiu na história desse regime nem como algo que escapou ao controle, nem como efeito não controlado de uma guerra que se desenrolou apenas nos porões da ditadura, em momentos restritos.
Ao se materializar sob a forma de política de Estado durante a ditadura, em especial entre 1969 e 1977, a tortura se tornou inseparável da corrupção. Uma se sustentava na outra. O regime militar elevou o torturador à condição de intocável: promoções convencionais, gratificações salariais e até recompensa pública foram garantidas aos integrantes do aparelho de repressão política. Caso exemplar: a concessão da Medalha do Pacificador ao delegado Sérgio Paranhos Fleury (1933-1979).
A corrupção garantiu a passagem da tortura quando esta precisou transbordar para outras áreas da atividade pública, de modo a obter cumplicidade e legitimar seus resultados. Para a tortura funcionar é preciso que na máquina judiciária existam aqueles que reconheçam como legais e verossímeis processos absurdos, confissões renegadas, laudos periciais mentirosos. Também é necessário encontrar gente disposta a fraudar autópsias, autos de corpo de delito e a receber presos marcados pela violência física. É preciso, ainda, descobrir empresários dispostos a fornecer dotações extra-orçamentárias para que a máquina de repressão política funcione com maior precisão e eficácia.
A corrupção quebra o princípio da confiança, o elo que permite ao cidadão se associar para interferir na vida de seu país, e ainda degrada o sentido do público. Por conta disso, nas ditaduras, a corrupção tem funcionalidade: serve para garantir a dissipação da vida pública. Nas democracias – e diante da República – seu efeito é outro: serve para dissolver os princípios políticos que sustentam as condições para o exercício da virtude do cidadão. O regime militar brasileiro fracassou no combate à corrupção por uma razão simples – só há um remédio contra a corrupção: mais democracia.
Heloisa Maria Murgel Starling é professora de História da Universidade Federal de Minas Gerais e co-autora de Corrupção: ensaios e críticas (Editora da UFMG, 2008).
Saiba Mais – Bibliografia:
FICO, Carlos. Como eles agiam: os subterrâneos da ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2001.
GASPARI, Elio. Coleção As Ilusões Armadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
RIBEIRO, Renato Janine. A sociedade contra o social: o alto custo da vida pública no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
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